quinta-feira, 18 de julho de 2013

Relatório de Visita ao MAM – Laura Bastos

No dia 05 de julho de 2013, os estudantes do terceiro ano técnico do curso de Geologia, devidamente orientados e acompanhados pela docente em artes visuais Diana Valverde, saíram em visitação ao Museu de Arte Moderna da Bahia – MAM, com finalidade de interagir com as mentes dos alunos, conjecturando, avaliando e interagindo com as exposições, seus autores e suas ideias principais.  
                As duas exposições de destaque que os discentes puderam contemplar foram “Tupy Todos os Dias” e “Esquizópolis”. A primeira, sendo o foco a partir do projeto do antigo Cine Tupi, demolido na região central de Salvador, fazendo alusão ao fortalecimento artístico a partir deste período em que este antigo cinema fora “abraçado” simbolicamente pelo artista baiano Juarez Paraíso e que fora destruído pouco tempo depois. Este projeto, absorvido pelo museu retrata como os diferentes artistas de várias gerações visualizam este apelo feito por Paraíso pela potência perdida, utilizando-se de variadas formas de se comunicar com o meio, e, de sobremodo, se aproximar física e mentalmente, de forma análoga ou simbólica ao natural.
                Em “Esquizópolis”, o dialeto utilizado pelos artistas é o da polarização das artes e da metrópole baiana, a discrepância e o contraste sobre o qual se movem os seres presentes na sociedade. As obras são mais radicais, cheias de detalhe onde cada fragmento representa uma ideia do artista de acordo com seu tema geral. São móveis, mutáveis e vivas, e seus significados são mais incisivos.
                Durante todo o trajeto, a obra que foi para mim mais significativa, pode ser também considerada a mais simplória e mais cheia de nostalgia: “Sente-se, por favor!” de Almandrade.
                Almandrade é artista plástico, arquiteto, mestre em desenho urbano, poeta e professor de teoria das oficinas de arte do Museu de Arte Moderna da Bahia.  Trabalhou em diversos projetos inclusive no exterior, realizando mais de vinte exposições em todo o Brasil no período de 1975 à 1997.
                A obra em destaque trata-se de uma simples cadeira de praia, caiada de uma cor branca em que, em vez de um recosto confortável, tem-se um elástico preso ao meio a fim de que, ao se sentar, a pessoa acabe sentando sobre o elástico forçando a cadeira a se fechar sobre a pessoa. O uso de um objeto simples, familiar, tropical, alusivo às cidades litorâneas, idealiza o sentimento de nostalgia de algo que participou da vida, principalmente da infância de todos.
A cadeira também traz uma informalidade assim como a montagem da escultura em relação ao nome da obra: enquanto que o tema dado é um convite para os expectadores desfrutarem daquele objeto, a imagem da cadeira, sem assento e com um elástico capaz de fechar a cadeira sobre um desatento transforma este pedido em uma crítica, ou quase como uma pegadinha, trazendo a ideia de graça ao trabalho como um todo. Pode-se inferir que essa crítica do artista refere-se ao acomodamento e a despreocupação do ser em relação ao seu entorno, não visualizando, em maioria as consequências de sua decisão, sendo assim levado momentaneamente a aceitar, mas que, com um pouco de entendimento visualiza a sutilidade da dispersão dos itens no espaço.


Sente-se, por favor!”, cadeira de praia com elástico. Obra do artista Almandrade, acervo do artista.

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