No dia 05 de julho de 2013, os estudantes do terceiro
ano técnico do curso de Geologia, devidamente orientados e acompanhados pela
docente em artes visuais Diana Valverde, saíram em visitação ao Museu de Arte Moderna
da Bahia – MAM, com finalidade de interagir com as mentes dos alunos,
conjecturando, avaliando e interagindo com as exposições, seus autores e suas
ideias principais.
As
duas exposições de destaque que os discentes puderam contemplar foram “Tupy
Todos os Dias” e “Esquizópolis”. A primeira, sendo o foco a partir do projeto
do antigo Cine Tupi, demolido na região central de Salvador, fazendo alusão ao
fortalecimento artístico a partir deste período em que este antigo cinema fora
“abraçado” simbolicamente pelo artista baiano Juarez Paraíso e que fora
destruído pouco tempo depois. Este projeto, absorvido pelo museu retrata como
os diferentes artistas de várias gerações visualizam este apelo feito por
Paraíso pela potência perdida, utilizando-se de variadas formas de se comunicar
com o meio, e, de sobremodo, se aproximar física e mentalmente, de forma
análoga ou simbólica ao natural.
Em
“Esquizópolis”, o dialeto utilizado pelos artistas é o da polarização das artes
e da metrópole baiana, a discrepância e o contraste sobre o qual se movem os
seres presentes na sociedade. As obras são mais radicais, cheias de detalhe
onde cada fragmento representa uma ideia do artista de acordo com seu tema
geral. São móveis, mutáveis e vivas, e seus significados são mais incisivos.
Durante
todo o trajeto, a obra que foi para mim mais significativa, pode ser também
considerada a mais simplória e mais cheia de nostalgia: “Sente-se, por favor!”
de Almandrade.
Almandrade
é artista plástico, arquiteto, mestre em desenho urbano, poeta e professor de
teoria das oficinas de arte do Museu de Arte Moderna da Bahia. Trabalhou em diversos projetos inclusive no
exterior, realizando mais de vinte exposições em todo o Brasil no período de
1975 à 1997.
A
obra em destaque trata-se de uma simples cadeira de praia, caiada de uma cor
branca em que, em vez de um recosto confortável, tem-se um elástico preso ao
meio a fim de que, ao se sentar, a pessoa acabe sentando sobre o elástico
forçando a cadeira a se fechar sobre a pessoa. O uso de um objeto simples,
familiar, tropical, alusivo às cidades litorâneas, idealiza o sentimento de
nostalgia de algo que participou da vida, principalmente da infância de todos.
A cadeira também traz uma
informalidade assim como a montagem da escultura em relação ao nome da obra:
enquanto que o tema dado é um convite para os expectadores desfrutarem daquele
objeto, a imagem da cadeira, sem assento e com um elástico capaz de fechar a
cadeira sobre um desatento transforma este pedido em uma crítica, ou quase como
uma pegadinha, trazendo a ideia de graça ao trabalho como um todo. Pode-se
inferir que essa crítica do artista refere-se ao acomodamento e a
despreocupação do ser em relação ao seu entorno, não visualizando, em maioria
as consequências de sua decisão, sendo assim levado momentaneamente a aceitar,
mas que, com um pouco de entendimento visualiza a sutilidade da dispersão dos
itens no espaço.
“Sente-se, por favor!”, cadeira de
praia com elástico. Obra do artista Almandrade, acervo do artista.
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